sábado, março 25, 2006

Teorias de Sexta à noite ou notas para não perder o pé

“Dentro de cada língua no que toca a esta nova especificidade, que é a de um som linguístico, há-de dominar, necessariamente um princípio analógico”
Humboldt

À cultura (do alemão Kultur, como civilização) está subjacente um princípio básico de grande unidade; o mesmo será dizer que a Cultura deve desenvolver o Meio através de diferentes métodos. Certo é que a maneira e a forma como pensamos influencia determinantemente as nossas acções.
A Cultura e a Língua dos Povos são duas fontes de saber que se complementam e não chocam; nem entram em contradição. Pelo contrário, são complementares e indissociáveis.
Não é à toa que a linguagem é tida como uma “testemunha antiga” no tribunal da Razão (em letra maiúscula como a kantiana); transportando em si mesma vestígios da evolução do homem; factores identificadores do percurso humano.
Se nos debruçarmos sobre o pensamento e a linguagem de um Povo (Humboldt) uni-los-emos com um fio condutor permanente: teremos a essência do pensamento cuja raiz se encontra na reflexão. Quando reflectimos, o espírito pára a sua "máquina de fazer coisas" e aprendemos a unidade do que somos; tornámo-nos únicos, articulamos ideias; fazemos “jogos de cabeça” e adequamos o que pensamos às mais variadas situações; criamos labirintos; abrimos e fechamos portas (com ou sem prémio).
É uma não verdade dizer-se que os pensamentos estão dissociados da sensibilidade. Pelo contrário, a linguagem começa com a reflexão. Evolui com a consciência e aparece em palavra. Podemos chamá-la orientação. Orientamo-nos com a linguagem que usamos; procurando à nossa volta “sinais”, aos quais nos possamos agarrar.
Os sentidos provocam a alma; fazem-na acordar da inércia do silêncio torturado por palavras de luto; palavras do silêncio. As pensadas.
As línguas e os falares têm entre si, também, uma relação de inter-dependência; às línguas está inerente um objectivo de “alma de nação”, que se traduz em clima, organização política, religião, usos e costumes, por exemplo. Pensar-se que a linguagem não está associada ao modo de ser das pessoas; à sua característica de maior intensidade identitária é, quanto a mim, outra não verdade. É aqui, na linguagem, que está impresso um povo e tudo o que a ele diz respeito; desde o seu princípio até ao seu fim. Isto porque nem a linguagem nem por inerência a identidade cultural de um povo são um conceito estagnado. Muito pelo contrário.

Depois de reler Über denken und sprechen (Sobre o Pensamento e a Linguagem)de W.Humboldt a 5 de Janeiro de 2006.

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