segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Croniqueta X ou Fífia era conhecido por Cera



Comprou fato para o Baile, sapatos a condizer e lá foi o nosso Fífia pendurado nos seus óculos de armação doirada, enfiado no seu fatinho para peso pluma, encavalitado em cima da cesta. Fê-la com rodas para transportar melhor os chouriços e ele, que de si, parece uma linguiça, só que, longe das nossas tradicionais, não tem sal e sofre de falta de pimenta.
Ia bem vestido, para alegria da mãe, que ficou sentada no carro, a vê-lo entrar, brilhante e fino. Só lhe faltava uma Maria, que é como ele trata as Mulheres. Marias ou home divas (nome que aprendeu na Rádio, enquanto ouvia falar um deputado da Assembleia Legislativa Regional).
O baile correu mais ou menos. Passou a noite, seguindo as “estrelas” que por lá andavam e bebendo cerveja. Resultado, chegou ao fim acompanhado, não por Marias ou home divas, mas antes, por 15 ou 20 loirinhas espumantes, como disse ao pai, para alegrá-lo, não fosse ele pensar que o nosso Fífia tinha estado sozinho. O sonho dele, mesmo, era dançar com a presidente da Câmara Municipal, mas depois ficou com vergonha e optou por passar a noite reconhecendo o Coliseu Micaelense. Ainda não tinha ido ali depois das obras, por isso, ainda não vira quão bonito e brilhante estava todo aquele espaço, até dava para escorregar no chão, deslizar. Como gosta muito de deslizar, chegando mesmo, até na escola, a ser conhecido como o “cera” o nosso Fífia passou toda a noite a deslizar chão fora como se fosse uma libelinha.
Chegada a hora de ir para casa, pôs-se a beber cafés, mas mesmo assim, quando entrou no carro, soluçava e ria às gargalhadas: 20 Home Divas, mãe! Todas loiras! – gritava, enquanto a mãe assistia ao, como explicou às amigas: “ crescimento do meu Fífia”, acrescentando que moças loiras não o largavam no baile, deixando o coitado gasto.
Daí a razão de na Revista de Domingo ter saído o querido Fífia deslizando no corrimão do Coliseu Micaelense.