sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Croniqueta VII ou os homens não se medem pela cor das gravatas

O Fífia deu bandeira.
Irritou-se, revoltou-se, tremeu...enganou-se. Agora, anda para aí "sujeitinho e tilento" enfiando, como se diz, os pés pelas mãos, pelas falas e pelas letras que, doido, escreve à noite, iluminado por uma vela, dramaticamente à moda do século XVI, tentando-se explicar, fazendo de conta que não quer o que realmente quer e julgando todos os presentes e os ausentes os mesmos seres tolos nos quais ele, qual mito engravatado de fina flor de nata especial, depositou, em tempos, algumas esperanças.
O Fífia vive de Memórias. Muito à semelhança da história da Condessa de Ségur. Só que mais afinado e aprumado. Cavalgando em cenas de glória, o Fífia não tem dormido bem de noite; acorda sobressaltado, gritando...Autónomo, quanto baste, o Fífia tem modus vivendi egocêntrico, abusando do uso dos pronomes possessivos como se tudo fosse dele. Só dele. Terei que chamá-lo, pai? Deus nos livre. Mas eu sei que ele gostava, que ia por aquele arzinho paternal e fofo de quem, por se julgar grande, atrevidamente comprido, pense que é pai de todos. Revela-se diariamente longe de todos.
O Fífia comprou um computador, que trouxe dentro da pasta um candeeirinho e uma pasta para guardar coisas. Que contente ficou. Provavelmente, guardará estes textos e todos os outros que falam dele ou, então, entrará nos comentários e escreverá nomes anónimos mandando-me "cavar batatas"; pode que se me mandasse catar gravatas, eu encontrasse a dele, preta e definhada enrolada numa bandeira. Triste e apodrecida. Historicamente emblemática.
O Fífia quer ter um Blog. Já arranjou quem lhe fizésse o Template. Mas vai assinar com pseudónimo. Vai chamá-lo Memórias do Fífia. Preparem os lenços. O Fífia vai contar das suas bandeiras. As que deram forma, corpo e alma fífado - a este Fífia!
Tenho sérias dúvidas de que tal venha a acontecer. O Fífia já não é o mesmo. Ou nunca foi. Desfia-se em projectos, mas não os cumpre. Diria que tenta a todo o custo "arrumar as botas"; às vezes zanga-se e parece um coelho feito de cartolina e fio.
Desterrado ou aterrado em terras palacianas alheias, o Fífia perdeu o norte. Parece que confunde as cores e trava batalhas, disfarçando-se, ao canto do ringue de D.Quixote, vendo na sua terra natal, uma espécie de Castelo imaginário, onde acabará rico e cheio de fortuna, entre os nativos - Sanchos Panças.