Pedindo emprestado o subtítulo desta Croniqueta, ao grande escritor português Alexandre O´Neill que, entre outras coisas, nos disse:“ (…) Convencidos da vida há-os afinal por toda a parte, em todos (e por todos) os meios. Eles estão convictos da sua excelência, da excelência das suas obras e manobras (as obras justificam as manobras), de que podem ser, se ainda não são, os melhores, os mais em vista.(…)” ( excerto de Os Convencidos da Vida, pp. 27, na obra Uma Coisa em Forma de Assim, do autor português atrás citado). Brilhante citação a meu ver e, na qual não me quero perder, mas, sim chamar a atenção de todos para essa espécie humana, cujas raízes profundas, se enterram nas lajes dos nossos caminhos, com a ambição devida, mas a pretensão remendada por disparates atrás de disparates emendados no papel que, diariamente, representam.
Para minha memória futura, já que a passada está bem guardada, não pelos guardiães das plumas de prata, mas por homens e mulheres dos Açores, que deram a sua cara e a sua força para construir a identidade desta Região (vindos da esquerda e da direita, note-se!), ficam os ares preocupados desses papagaios de pé de chumbo e anel na pata que abundam por aí. Umas espécies de manda-chuvas de quintal. Os mesmos de há muitos anos só que hoje com menos brilhantina nos cabelos. Os mesmos que encontro nos cafés, falando alto, gritando que o que têm “dá bastante”. Chega de tanta idiotice. Quando confrontados com ideias diferentes, fruto de um debate normal nas sociedades civilizadas, sentem-se acossados nos seus próprios quintais e é um tal revirar penas. Não aguentam discussões sem puxarem das suas cartilhas mal aprendidas, como autênticos autores de quadros mal pintados. Da história, sabem da sua. E a geografia, ao contrário do que escreveu Nemésio, é para eles o mapa da sua rua. No final, o que conta é a matemática na soma de cifrões dos seus ordenados.
Meu querido avô, homem de Santo Amaro, que vem sempre à baila, nas coisas que escrevo, contava-me uma história brilhante. Rezava assim: havia um homenzinho que nunca tinha saído da sua freguesia, um dia, por ocasião da visita dos seus parentes emigrados na América, foi até ao miradouro da Terra Alta. Chegados lá, o senhor avistou a Terceira e São Jorge. Parou. Suspirou e gritou: Como é grande o mundo!
A história é simples mas enorme. E eu lembro-me dela sempre que me apetece gritar que é tempo de recomendar aos manda-chuvas de quintal que vão até ao miradouro da Terra Alta e vejam o mundo…vai além das biqueiras dos seus sapatos. Garanto.
"E um dia os homens descobrirão que esses discos voadores estavam apenas estudando as vidas dos insectos..." Mário Quintana
sexta-feira, janeiro 06, 2006
Croniqueta ( ou Uma Coisa em Forma de Assim)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
Vejo que entras em 2006 cheia de sonhos e os gritas ao mundo! Que te ouçam, que te ouçam... Pena que a surdez é uma doença que anda grassando e devastando populações inteiras... ;)
Que lindo Mariana! De facto, o teu avô é recorrente, deve ter sido um grnade Homem. O Luís tb fala dele sempre com admiração.
Ui sra. dra. que belo naco de prosa, espero que se irrite muito este ano eheh ;)
Enviar um comentário