"E um dia os homens descobrirão que esses discos voadores estavam apenas estudando as vidas dos insectos..." Mário Quintana
segunda-feira, janeiro 09, 2006
Bicos Doces
Não gosto do olhar entreaberto dos desconfiados. Dos seus bicos doces e constipados que se passeiam aos Domingos, avenida fora, como se fossem reis, como se fossem lordes, como se fossem mais do que são, nos seus cachecóis de padrão escocês e esgares de (quasi-) espertos. Ouvi-los é deitar atenção fora; gastá-la numa renda de conversas, cujos meios e fins, transportam, em si mesmos, uma azia domingueira, em cuja palavrosa demência nos perdemos, se, por minutos, nos distraímos. Recomendo ouvidos atentos para quando passar por vós esta espécie de máscara de personagem de festim de terceira categoria, apressarmos o passo e irmos, logo, mais adiante.
É preciso fugir destes passageiros de bico caramelizado por meia dúzia de ideias gastas, mais meia dúzia de tiradas de algibeira, puxadas a ferro e fogo das lombadas dos livros que ostentam nas prateleiras das suas salas de laje e pele (a dos sofás), comprados nas promoções dos livros vendidos no porta à porta, que é como quem diz, por metro. Pague cinco, leve um: “ Como fazer os filhos felizes?”; ou então: Deixe de ter dificuldades na cozinha da sua casa; compre a Enciclopédia Luso-Brasileira e leve de presente uma faca multi - funções.Corta, raspa, tritura,( se quiser até mata!)Começou o ano novo há cerca de 10 dias. Foguetes e gritos trouxeram mais um ano à vida de todos nós. Atentemos à "secção dos desconfiados", enfiados nos casacos de plumagens sintéticas, fingindo-se reais aves, empertigando as cristas e levantando os bicos como se fossemos todos meios tolos e eles os únicos e autênticos seres vivos. Biologicamente regados por carreiras vitais para a solidificação dos seus custos de vida à medida das suas carteiras de doutores e doutoras em cujas ilustres cabeças dorme a químera dos sonhos e das fantasias.
Chega de demências intelectuais. Chega de figuras “garrettianas”, tiradas de cartolas imaginárias, às quais não pertencem coelhos, como na magia real dos mágicos, mas antes senhoras e senhores de dentes de ouro e nunca nada na manga.
Talvez seja tempo de começar a debulhar estas contas e passar da matemática dos sangues e oxigénios à ideia das pessoas.
Chega de contraditórios ofertados em gravatas, cuja fraqueza dos nós, se percebe à distância e não tem substância que chegue, sequer, para as oferendas.
Chega de tanta aparência. Já dá bastante.
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1 comentário:
Ola Mariana, foste aceite! o 12 será jogada ja esta semana e consequentemente se tiver um resultado que chegue para organizar o dito jantar... lá estarás convidada por mim pessoalmente e com estadia paga e tudo.
estive a ler este teu texto e mais alguns, és escritora nata... hertzlichglückwunsche von ein ex Ausländer der 20 jahre in Deutschland war. Alex@ndre Ferreira
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