quinta-feira, setembro 22, 2005

Desiderata

Vai serenamente por entre a agitação e a pressa e lembra-te da paz que pode haver no silêncio. Sem seres subserviente mantém-te tanto quanto possível em boas relações com todos, mesmo que menos dotados e ignorantes: também eles têm a sua história.

Evita as pessoas barulhentas e agressivas; são mortificações para o espírito. Se te comparas com os outros, podes tomar-te presunçoso e melancólico, porque haverá sempre pessoas superiores e inferiores a ti.

Apraz-te com as tuas realizações, tanto como com os teus planos.

Põe o interesse na tua carreira, ainda que ela seja humilde; é um bem real nos destinos mutáveis dos tempo. Usa de prudência nos teus negócios, porque o mundo está cheio de astúcia; mas que isto não te cegue a ponto de não veres virtude onde ela existe; muitas pessoas lutam por altos ideais e em todo o lado a vida está cheia de heroísmo.

Sê fiel a ti mesmo. Sobretudo não simules afeição nem sejas cínico em relação ao amor, porque, em face da aridez e do desencanto ele é perene como a relva.

Toma amavelmente o conselho dos mais idosos, renunciando com graciosidade às ideias da juventude. Educa a fortaleza de espírito para que te salvaguarde numa inesperada desdita. Mas não te atormentes com fantasias. Muitos receios surgem da fadiga e da solidão. Para além de uma disciplina salutar, sê gentil contigo mesmo.

Tu és o filho do Universo e, como tal como as árvores e as estrelas, tens direito de o habitar. E quer isto seja ou não claro para ti, sem dúvida que o universo é-te disto revelador.

Portanto, vive em paz com Deus seja qual for a ideia que d'Ele tiveres. E quaisquer que sejam as tuas lutas e aspirações, na ruidosa confusão da vida, conserva-te em paz com a tua alma.

Com toda a falsidade, escravidão e sonhos desfeitos, o mundo é ainda maravilhoso. Sê cauteloso. Luta para seres feliz.

* Este texto foi encontrado na velha Igreja de Sant Paul, Baltimore, datado de 1692. Foi citado no livro "Mensagem do Sanctum Celestial" do Frei Raymond Bernard

1 comentário:

Anónimo disse...

Raymond Bernard não era frei, mas sim, 'Frater' - irmão em latim -, denominação usada pelos rosacruzes. Raymond foi um grande mestre da ordem na França e era profundo conhecedor dos mistérios.