terça-feira, maio 24, 2005

Arcanjo ou ladrão

Ou arcanjo ou ladrão.
Devorador
De perfumes,
De corpos
E de mitos.
Rei nos países interditos.
Conviva solitário do festim
Em que a noite me chama à sua mesa,
Pescador de silêncios e jardins
Na cidade terrível e acesa.
Ou arcanjo ou ladrão. Destruidor
Da imagem do outro que transporto
Tatuada no peito.
Rosa de carne azul que me deslumbra
Quando penetro a solidão com o sexo
Que a minha solidão tornou perfeito.
Assim vogo e arremeto pelos tempos,
Invisível Apolo citadino,
Falus de herói coroado de giestas,
Transgressor voluntário do destino,
Pé de cabra forçando o impossível,
Brisa azul esquivando-se entre os outros,
Com laivos de infinito nas passadas,
Lampejos de infinito nos olhos admiráveis
E flores de estrume a definir-me a testa
De Príncipe e Senhor dos intocáveis.


José Carlos Ary dos Santos


Poema incluído nos livros A Liturgia do Sangue (1963), Vinte Anos de Poesia (1983)e Obra Poética ( 1994)

3 comentários:

gm disse...

...Sra. Dra. e o suplemento cultural?

Mariana Matos disse...

Sr. Dr., o suplemento sai na última terça feira de cada mês, logo sairá a 31!...:)

gm disse...

Ah bien!!Merci...