Imagino que a ambição máxima dos
dirigentes laranja, de acordo com as parcas propostas para as autarquias nos
Açores, não vá muito além, da tentativa de manter as Câmaras Municipais que
detêm e do repouso dos já tradicionais lugares que ocupam no parlamento
açoriano.
As intervenções públicas de
Duarte Freitas deixam, de facto, enormes dúvidas sobre o seu pensamento
político e sobre a existência de causas no seu partido, se é que uma e outra
coisa existem.
Duarte Freitas continua a gerir o
PSD como o Portugal colonial geria o corpo de engenharia que, ao tempo, tinha
na Índia. Diz-se que eram vinte, os oficiais sem um único soldado para amostra.
De modo que o melhor mesmo era não ter ideias nem pensar em obras porque
engenheiro que se prezasse rabiscava, mas não petiscava. O resto é o que nos
fala a história: como Portugal nunca se livrou do traço elitista dos seus
engenheiros, a velha colónia acabou por se livrar de Portugal. Parece-me,
assim, que salvo as distâncias e as circunstâncias, a dificuldade na liderança
social-democrata é da mesma ordem, ou seja, como o líder não consegue acertar o
passo ao seu “estado-maior”, os militantes vão mudando de partido, até ao inevitável
dia em que alguém mude a liderança.
Mas como o mal vem sempre bem
acompanhado, não deixa de ser caricato e até mesmo pitoresco, ouvir Duarte
Freitas falar das “boas finanças” da Câmara Municipal de Vila do Porto, por
exemplo. Aguardo com serenidade que até ao final da campanha eleitoral, o mesmo
Duarte Freitas apareça ao lado de Rui Melo, a elogiar-lhe qualidades como a boa
gestão dos recursos financeiros públicos…
Aguardo mas não me espanto
(muito) que não apareça. O presidente do PSD/Açores sabe que no seu partido
todos têm um projecto pessoal e ainda por cima divergente dos restantes.
Por outras palavras, o PSD segue
à tabela e à risca a estratégia de acrescentar água à sopa, para repetir a
mesma dose, na mesma tigela, a outros convivas, sem alguém se dar ao trabalho
de, ao menos, mudar a receita, que é como quem diz, de fazer diferente e pensar
nos 19 concelhos dos Açores e em todas as suas freguesias de forma diferenciada
e específica.
Em Ponta Delgada, por exemplo, se
o Governo faz uma Gala de desporto, a autarquia acrescenta mais 10 atletas e
faz outra; se o Governo inaugura uma biblioteca, a autarquia inaugura um centro
de estudos; se o Governo faz uma estrada, a autarquia acrescenta dez metros na
intenção de fazer uma radial.
Não tem havido pois (mais) tempo
para apresentar ideias diferentes e concretas para Ponta Delgada, porque se
vive nesta contínua competição, e quando assim não é, governa-se a autarquia,
como aconteceu nos últimos meses, plagiando ideias do candidato do PS/Açores,
nas próximas eleições de 29 de Setembro, nalgumas disfarçando, noutras
acrescentando um algarismo, um metro ou uma vírgula.
Com a limitada ideia de “Um
amigo” que não tem “nada a ver com o Governo de Passos Coelho”( versão B) mas
que foi seu mandatário, José Manuel Bolieiro esconde, à boa moda do seu líder,
que não tem objectivos para Ponta Delgada e evita o trabalho que dá “ser
diferente”.
Talvez por isso, já se diga por
aí que a geração de Freitas e Bolieiro, no PSD/Açores, passa despercebida em
silêncio, mas quando fala, não há um amigo que aguente.
Seja como for, lá diz o provérbio
que “O tempo mostra o amigo”, sendo certo que, na minha opinião, mostra melhor
que o cartaz por mais cartazes que se pendurem em toda a parte.
Serenamente, AO 24 de Setembro de 2013
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