Na verdade, a Região não recebeu os navios que tinha encomendado aos Estaleiros Navais de Viana de Castelo, mas foi ressarcida em 40 milhões de euros, valor superior ao que já tinha pago a este construtor. Avancemos para os factos políticos: É inteiramente legítimo à oposição, neste caso em bloco, propor uma comissão de inquérito para apurar as responsabilidades políticas de uma área da governação. Desde o início percebeu-se que havia várias oposições. Uma - composta pelo CDS, BE e PCP – interessada em esclarecer e apurar eventuais responsabilidades, dentro das competências do nosso Parlamento. Outra – o PSD/Açores – que apostava neste processo como a última bóia de salvação para esconder a sua incompetência política em apresentar um projecto válido para os Açores.
Aliás, o projecto que criava a Comissão pretendia ir mais além do que deve ser a fiscalização de um Parlamento, entrando por áreas exclusivamente reservadas ao Poder Judicial. Também neste caso foi preciso chamar o PSD/Açores à razão. Acrescentemos, agora, os desenvolvimentos: Entre o anúncio público e a apresentação da proposta para a criação formal da Comissão passou uma eternidade, porque o PSD/Açores quis arrastar no tempo este processo, o que gerou um desconforto notório entre alguns partidos da oposição, que se sentiram utilizados pela estratégia partidária social-democrata.
Depois, já quando a Comissão estava em funções, o PSD/Açores optou pelo discurso do “orgulhosamente sós”, acusando o PS de condicionar os trabalhos. Esqueceu-se, sempre, de dizer que nenhum dos nomes recusados para serem ouvidos o foi, apenas, pelo PS. Mais uma meia verdade social-democrata, rapidamente desmascarada.
Passemos, assim, aos episódios: O PSD/Açores, desde o início mostrou que não pretendia cumprir o acordo firmado na Comissão entre todos os partidos para o bom funcionamento dos trabalhos e que o próprio PSD concordou. Nunca resistiu aos microfones e às câmaras de televisão, transformando um entendimento unânime dos deputados numa palavra vã. Todos os restantes partidos reagiram, em conjunto, à quebra do acordo e o PSD/Açores, mais uma vez orgulhosamente só, deu umas desculpas que nem convenceram o próprio.
Mesmo assim, não aprendeu. Voltou à carga com uma conferência de imprensa, esta semana, que mais não pretendeu do que tentar arrastar o presidente do Governo Regional para este processo, sem nunca apresentar uma única prova, uma verdadeira razão concreta. E mais: percebendo que os factos podem não coincidir com as acusações que tem feito nos últimos meses, ameaça, agora, com o Ministério Público.
Fica provado que o PSD/Açores apenas queria esta Comissão para seu deleite partidário, sacrificando o respeito que deve ter pelo Parlamento e o sentido democrático que deve mostrar pelos outros partidos.
Acabemos com a conclusão evidente: O PSD/Açores está neste processo, unicamente, com intenções partidárias, tentando arrastar nesta estratégia todos os intervenientes: o interesse regional em primeiro lugar, mas também os restantes partidos da oposição, o Governo Regional e o PS. Este comportamento mostra que ser o maior partido da oposição não é uma responsabilidade que esteja à altura de todos. Neste capítulo, o PSD/Açores tem muito a aprender com os restantes partidos que compõem o nosso Parlamento
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