O PSD/Açores terminou a semana passada uma jornada de visita às ilhas do triângulo. Na circunstância e com pouca pompa, a líder lá ditou, como quem faz um ditado aos sociais-democratas, o que é que, em Ponta Delgada, se iria fazer para resolver o problema de ter casas a ruir.
Sobre o discurso de encerramento há assim dois factos a registar: um primeiro, que é o de estando no Pico a encerrar uma jornada de visita sobre Turismo no triângulo, ter-se falado de Reabilitação Urbana e um segundo que é o de falando nisso, se ter exactamente e, mais uma vez, contradito o que anunciara há meia dúzia de dias antes, o Vice-Presidente da autarquia.
Ao fim e ao cabo, a verdade é que ao que parece ninguém se entende e não se entendendo é o que se vê. Primeiro lembram-se sonhos antigos, depois Reviva para a frente e para trás, depois “ah, não é”, afinal Sociedade de Reabilitação Urbana e, por fim (ou se calhar não!), resolvemos o problema de Ponta Delgada. Como? Ah, já se sabe: O Governo dos Açores que pague.
Ora, depois de ter passado o dia dos Açores, no Pico, entre sopas, massa sovada e “vésperas”, bem que a líder do PSD/Açores podia ter optado por outra qualquer “coisinha”, que os companheiros picoenses, lhe recomendassem, que fosse bom de anunciar...
A semana passada também ficou marcada por outros acontecimentos tristes. Então não é que a constatação de que os municípios dos Açores se encontram numa situação económica e financeira má e o anúncio de que o Governo dos Açores tomara medidas de apoio específico de emergência a essas autarquias, levou a senhora Presidente da Câmara de Ponta Delgada, a ficar muito ofendida, e a nunca assumir o problema?
É. E é quase inacreditável o que aconteceu. Até parecia que ninguém podia falar do município de Ponta Delgada e que é mentira que este tem uma situação financeira preocupante. Como ninguém desmentiu, é mesmo verdade. E, pasme-se, a dívida bancária até aumentou, desde que Berta Cabral assumiu funções 388%. A autarquia de Ponta Delgada, fechou o ano de 2009 devendo 5,4 milhões de euros a mais de três centenas de empresas privadas!
Não se compreende o susto que o revelar de tais factos provocou, muito menos o calor das penas que motivou, quando afinal, qualquer pessoa de bom senso, espera de um partido, como o PSD/A, apenas e só, que assuma os seus erros, faça propostas, procure soluções…
Porém, hoje, como no passado, o PSD/A não assumiu os erros, não fez proposta nenhuma no âmbito do assunto, que se discutia e, pior, agiu como a menina mimada, a quem estragaram o laço do cabelo da boneca preferida.
Tal atitude, demonstradora, também, de escassa cultura democrática, só prova no PSD/A se vive um deserto de ideias…
É, pois inaceitável que assim seja, vindo de um partido que tem, agora, como líder, uma pessoa que já foi Secretária Regional das Finanças, além de ter sido, também, Presidente da SATA, Presidente da Associação de Municípios da Região Autónoma dos Açores ou Deputada Regional, por exemplo.
Dir-me-ão isso já foi há muito tempo! Ninguém se lembra. Lembra, claro que lembra. Em política, como aliás na vida, não vale tudo. Sendo que a memória é, sem dúvida alguma, uma relíquia, a estimar. Nesse sentido, também e em jeito de conclusão, é bom que fique muito claro, que não é o medo da sombra de ninguém, que aqui faz mover a pena, até porque sombras fazem as árvores, os guarda-sóis na praia e, como diz o povo, os burros.
A questão aqui é outra. Por isso, apenas resta esperar, serena e calmamente, neste espaço, como em todo o lado, que agora que a senhora Presidente, ultrapassa a fasquia de 30 (trinta) anos de vida pública – ocupando cargos políticos – um dia destes, chegue a um simples, mas essencial ditado da vida das pessoas comuns: Olhos que não vêem, coração que não sente.
Se não chegar, haja alguém que lhe diga. Se não for por amor aos Açores, ao menos que seja, por amor a Ponta Delgada.
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