Pela segunda vez no espaço de um mês, a nuvem de cinzas expelidas pelo Vulcão Eyjafjallajokull afecta a Europa, causando milhões de euros de prejuízos às companhias aéreas e dificuldades a milhares de cidadãos. Desta vez a nuvem de cinzas também não poupou as regiões autónomas e o continente português, deixando mais de 9000 passageiros que viajavam na SATA em terra. Se é certo que este tipo de fenómeno natural é impossível de evitar, por muito que fosse este o nosso desejo, também é correcto pensar que as autoridades e as companhias aéreas podem minorar os prejuízos causados aos passageiros.
Eu próprio fiquei retido em Lisboa, durante dois dias, como passageiro da TAP proveniente do Porto com destino a Ponta Delgada, via Lisboa. A todos os passageiros na minha situação, cerca de 500 na altura, a SATA - empresa que assegurava o voo para Ponta Delgada - imediatamente disponibilizou transporte, alojamento e alimentação durante os dias que durasse o fecho do espaço aéreo. Dou nota, também, que, quer através dos serviços de terra da SATA, em Lisboa, quer através do Call Center, a empresa disponibilizou a pouca informação disponível a todos os passageiros, mesmo aos mais exaltados. Quero salientar que, tanto da parte da SATA, como da TAP, apesar dos seus serviços estarem a operar continuamente a 100%, praticamente sem descanso durante este período, o tratamento dado aos seus passageiros foi praticamente irrepreensível.
Considero, pois, ser uma boa altura para discutirmos as vantagens de operarmos nos Açores, sobretudo com companhias de “bandeira”. Apesar de a legislação não o obrigar e dos elevados prejuízos que está a incorrer, a nossa companhia, enquanto for possível, comprometeu-se a assegurar todas as despesas básicas dos passageiros que viajam nos seus aviões, mesmo que sejam passageiros com bilhete TAP. No momento em que saí do aeroporto do Porto com destino a Lisboa, saíam autocarros fretados pela TAP e SATA para transportar passageiros com destino a Lisboa. Curiosamente tive a oportunidade de presenciar que os passageiros de companhias “Low Cost”, com destino à Madeira e a Faro, ficaram sem direito a qualquer tipo de auxílio, tendo de pernoitar nos aeroportos, sofrendo alguns ainda mais dificuldades, pois nem sequer tinham dinheiro para comer. Outro factor que prejudicou ainda mais os passageiros das “Low Costs” foi o facto de estas operarem com pouco “pessoal” de terra, apesar de assessores de imprensa destas, no aeroporto não faltarem, o que dificultou ainda mais a prestação de informações a quem delas necessitava.
Nos Açores, a situação vivida também não foi fácil. Com as nove “pistas” fechadas, muitos passageiros, alguns que viajavam devido a necessidade de cuidados de saúde, tiveram a possibilidade, disponibilizada pelo Governo Açores e pela SATA, de conseguirem viajar no navio da Atlânticoline, “Expresso Santorini”, para Santa Maria, São Miguel, Terceira e Faial, sendo, posteriormente, reencaminhados, através dos navios da Transmaçor, para as restantes ilhas do Grupo Central.
Se é certo que a nuvem de cinzas no continente levantou a questão da necessidade de termos um TGV que permitisse escoar passageiros rapidamente de Portugal para a Europa Central, também é certo confirmarmos que o sistema de transporte marítimo de passageiros criado por este Governo, apesar de alguns contratempos, se revela, cada vez mais, como uma alternativa credível ao transporte aéreo.
Como fica provado, graças ao transporte marítimo de passageiro reintroduzido pelos Governos socialistas nos Açores, o Mar constitui um factor de aproximação entre as ilhas. Como ficou provado, graças à visão estratégica dos Governos socialistas, os Açores possuem uma companhia aérea sólida e direccionada para servir os açorianos. Se a nuvem vulcânica tivesse sido há 14 anos, a história seria muito diferente.
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