Escrevo esta crónica no intervalo de dois importantes debates. Na Assembleia da República discute-se o Orçamento de Estado para 2010 e no Parlamento Regional debate-se a situação social nos Açores.
Em Lisboa, assisti a um PSD preocupado em atacar raivosamente o Governo, pelo facto deste apresentar um orçamento que será viabilizado por eles mesmos. Assisti a um PSD que critica o endividamento do país e que faz conluio com o CDS/PP, BE e PCP para permitir mais empréstimos para a Madeira. Assisti também a um partido que defende uma Justiça a sério, mas é o primeiro a servir-se de um crime para tirar dividendos políticos contra José Sócrates.
Este é o resultado de uma espécie de líder partidária desesperada e desorientada por não controlar o seu partido e por não ter sucessor de tendência, obrigada a ceder para satisfazer todas as franjas internas do seu partido. Foi assim que cedeu no passado, na Lei de Finanças Regionais, para saciar a fome por dinheiro dos contribuintes de Alberto João Jardim e é assim que cede agora, no debate do orçamento, criticando a custo, apenas para satisfazer a sua máquina partidária ansiosa por vingança e por voltar a controlar a administração pública. Tenho pena que Ferreira Leite, de todas as franjas que tem para satisfazer no seu partido, no âmbito da aprovação da Lei de Finanças Regionais (LFR), não tenha sequer perdido cinco minutos para telefonar à líder do PSD/Açores para lhe informar que lei estava a ser aprovada. Lamentavelmente, a afronta foi tal que, quando questionada pelos jornalistas, Berta Cabral, não tenha tido outro remédio senão reconhecer que não conhecia a LFR que o seu partido tinha aprovado no continente.
Mas nos Açores a oposição parlamentar também não faz melhor. Assistimos a um debate murcho sobre a situação social da região. Tivemos uma oposição fria e até constrangedora em certas alturas. O Bloco de Esquerda acusava o Governo dos Açores por não conseguir corrigir a vergonha da desregulação do sistema financeiro internacional, imagine-se. O PCP acusou o Governo Regional de utilizar o falso argumento de que os Açores tinham tido um comportamento económico semelhante ao resto do mundo. Na sua óptica, não era verdade que o mundo estivesse todo em crise, pois países como a Papua Nova Guiné ou o Suriname tinham tido crescimento económico devido às boas políticas dos seus Governos.
Mas a situação que mais me entristece foi o estado a que chegou o PSD. De cabeça baixa, notoriamente dividido e sem rumo, resumido às provocações de pasquim e à crítica por tudo e por nada, sem nunca apresentar uma única solução para um problema.
É caso para dizer, com uma oposição assim, não vamos lá.
Para mal meu, o PSD actual parece o Sporting. Até tem alguns bons elementos, mas falta-lhe liderança em campo, estratégia de jogo e soluções na altura de rematar à baliza. Agora, parece que o Liedson (Paulo Rangel) social-democrata, que estava refugiado em Bruxelas, vai ter de ser convocado, mas como temos visto, não bastará para resolver o problema.
1 comentário:
Ainda vai haver muito confusão no balneário laranja.
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