A liderança do “nim”
O que é que se pede a um líder partidário? Pede-se que seja afirmativo, que decida, que lidere os seus militantes e apoiantes e que indique qual o caminho que devem seguir, sem prejuízo de cada pensar pela sua própria cabeça e decidir em conformidade, como é óbvio.
O que se exige a um líder partidário? Que dê a conhecer, atempada e fundamentadamente, o que defende para o seu partido, qual o rumo que advoga e qual o projecto político - de forma e substância - que pretende que o seu partido desenvolva.
Estas duas premissas exigem, como é óbvio, que uma líder regional seja absolutamente clara quando está em causa a escolha do Presidente nacional do seu partido. Aliás, isso não é propriamente novidade. Basta ver o número de estruturas de distritais do PSD que se pronunciaram, a seu devido tempo, sobre qual dos quatro candidatos apoiavam para liderar o PSD.
Por cá, a líder do PSD optou por um comportamento de “nim”. Considerou-se no direito de achar que a sua opinião iria formatar a escolha dos militantes sociais-democratas açorianos, como se eles não fossem capazes de formular a sua própria opinião sobre esta matéria. Ou seja, a Presidente do PSD/Açores passou um verdadeiro atestado de menoridade aos militantes do seu partido.
Mas vejamos alguns factos que provam a sua conduta titubeante ao longo das últimas semanas, que mais não querem dizer que optou por uma estratégia de não se comprometer com ninguém, evitando, assim, o risco de ficar ligada a uma candidatura perdedora.
A 11 de Fevereiro, a Presidente do PSD/Açores escusava-se a tomar posição sobre as candidaturas à liderança nacional, alegando que cada militante “apoia quem gostar”. Incrível. O que os militantes do PSD/Açores queriam não era “disciplina de voto”, mas sim uma indicação sobre qual o candidato a direcção regional do seu partido mais se identificava.
A não ser, como tem acontecido várias vezes, que as estruturas regional e nacional continuem a trabalhar cada uma para seu lado. Se for este o caso, a líder do PSD/Açores tem razão e terá pensado: “se não me ligaram nenhuma, porque esperam que eu lhes ligue agora”.
Mas a 27 deste mês, no dia seguinte à vitória de Pedro Passos Coelho, a Presidente do PSD/Açores já afirmava que “Portugal pode contar com um PSD forte e unido”. O que nunca se vai saber é se este “novo” contou com o apoio da líder do PSD/Açores. Provavelmente não, como já dão a entender notícias recentes, que dão conta da ambiguidade com que todo este processo foi conduzido pela estrutura regional do PSD/Açores.
Face a estas notícias, foi notória a atrapalhação da líder do PSD/Açores, chegando mesmo ao ponto, em jeito de justificação, de dizer que, agora, os militantes açorianos nunca iriam saber qual o candidato que tinha apoiado. Mais uma vez, escondeu dos militantes a sua opção. A Presidente do PSD/Açores não é uma militante de base. Assumiu um cargo que lhe acarreta responsabilidades de decisão, de coordenação e de definição estratégica e política.
“Os chefes são líderes mais através do exemplo do que através do poder”. Esta citação do imperador romano Tácito devia servir de conselho à Presidente do PSD/Açores. Estou convicto que os militantes sociais-democratas agradeciam que o aceitasse.
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