sexta-feira, abril 17, 2009

“À Janela do mundo”

O Desafio Europeu

Atravessamos tempos de crise inimagináveis há apenas um ano. O país vai crescer -3,5% (a Irlanda vai ter um crescimento negativo de -8%), o desemprego caminha para os 9%, as exportações caem 14,2%, o investimento -14,4% e o consumo decresce 0,9%, apesar do rendimento disponível das famílias aumentar em 2009 cerca de 2%.

Quando atingimos estes números percebemos que o problema da nossa economia não pode ser resolvido apenas com instrumentos macroeconómicos internos. A solução para a crise económica passa, quase em exclusivo, por políticas comuns dentro da União Europeia, de combate à crise.

As eleições europeias de Junho poderão ser um excelente contributo para discutirmos o relançamento da economia, a prevenção de novas crises, uma nova política agrícola comum e de pescas e a dependência energética da UE. É, aliás, uma oportunidade única de pressão legítima dos cidadãos europeus sobre as instituições para acelerar a luta contra a recessão económica, que surge na melhor altura.

O PS teve a noção deste desafio ao escolher um cabeça de lista, Vital Moreira, que não está ligado directamente ao partido e que até, algumas vezes, tem discordado com as suas posições, mas que está preparado para apresentar um projecto europeu aos portugueses. Infelizmente, nem o PSD nem o CDS/PP conseguiram sair da “política do rectângulo”, preocupando-se mais com a sua estabilidade interna e com as eleições legislativas em Outubro.

Conseguiram a muito custo, após meses de indecisão e de guerra interna, apresentar Paulo Rangel, líder parlamentar do PSD, e o deputado do CDS, Nuno Melo, como cabeças de lista. São soluções sem “rasgo político”, a preto e branco, como o cartaz do PSD, que não trazem nada de novo.

Por cá, por um lado, fico triste por perder um dos meus mais brilhantes colegas, Luís Paulo Alves, especialista em agricultura e economia, por outro lado, fico orgulhoso da representação socialista dos Açores no Parlamento Europeu continuar a ter uma excelente qualidade.

Talvez fruto da falta de importância que alguns partidos dão as eleições europeias, a última previsão do Eurobarómetro indica que só um terço dos eleitores tenciona votar. Os Açorianos podem dar o exemplo contrário, indo em massa às urnas, transmitindo à oposição, ao país e à União Europeia que não fazem parte do problema que vivemos, mas sim que estão disponíveis para, conjuntamente, discutir e participar na procura de alternativas e soluções para o momento que atravessamos.

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