sexta-feira, abril 17, 2009

Da Minha Esquina


Política do Foguete

Sempre aceitei que os intervenientes no poder executivo tentem apresentar obra pouco antes das eleições. Acho normal e legitimo que num projecto a quatro anos haja obra para inaugurar ou apresentar aos cidadãos. Se o Governo inaugurar uma via rápida antes das eleições ou até a Câmara Municipal de Ponta Delgada fizer o mesmo relativamente a uma avenida litoral considero ser normal, em democracia, não devendo, por isso, ser alvo de críticas. Censuro, porém, quando se começa a entrar no exagero. É que, essa “tentação” é tão ridícula, quanto espalhafatosa e tendencialmente resultante de puro e simples afã mediático que, tal como sabemos, é maleita de “políticas do foguete”. Exemplificando: quando vejo a Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada fazer uma cerimónia, com pompa e circunstância, pela oferta de três casas de habitação social, apenas para fazer um número na comunicação social, imagino que se o Governo dos Açores tivesse feito o mesmo relativamente às quinze mil famílias, que apoiou, teria tido que entregar, em 12 anos de mandato, cerca de quatro casas e meia por dia. O que, convenhamos, não só seria humanamente impossível, como eticamente reprovável.

Quando temos obras, como a da avenida Cecília Meireles ou da radial do Pico de Funcho (zona do Mata Mulheres), hoje praticamente intransitáveis e perigosas para o transito devido à ausência de sinalização, que se arrastam morosamente, apenas para serem inauguradas antes das eleições. Quando se inaugura o parque de estacionamento do Largo de São João um ano depois da sua entrada em funcionamento. E quando, tendo o centro da cidade de Ponta Delgada, a morrer, vazio a partir das 19 horas, se faz a requalificação da rua dos Mercadores, com um excelente trabalho dos calceteiros (concordo), mas sem saber à partida, como vai funcionar o trânsito. Decidindo apenas a posteriori, criar um traçado urbano, nessa rua, de gincana automobilística no meio de peões, sem consultar os comerciantes que lá trabalham.

Chegamos a um ponto, em que não conseguimos, por muito que se queira, arranjar desculpas para tais trapalhadas.

Está visto! Por “mãos à obra” é em Ponta Delgada - fazer tudo muito depressa, com muito holofote e flash. Planificação? Modelo de desenvolvimento? O que é Isso?

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