terça-feira, janeiro 17, 2012

Pastéis da lata do Senhor Ministro

Um homem entrou armado numa pastelaria em Aveiro, dois dias depois, do ministro Santos Pereira ter anunciado, por todos os canais de televisão a ideia de criar um “franchising de pastéis de nata”. Ameaçou os empregados, exigindo 200 pastéis e o dinheiro da caixa.
A história caricata foi noticiada pela Agência Lusa a semana passada e podia ser digna de anedota, anedota dupla, até, se considerarmos a ideia do Senhor Ministro e o espírito empreendedor do ladrão que queria dinheiro para começar o negócio e pastéis para o seu franchising.
A história que foi mesmo notícia real e envolveu polícia e pessoas assustadas passou-se num país cheio de gente que tem sido vítima de reformas estruturais que meia dúzia de iluminados considera urgentes e necessárias, impondo a seu belo prazer os mais variados sacrifícios aos mesmos infelizes portugueses.
No ano em que acordamos ortograficamente transformados, que (finalmente?) firmamos um acordo de mais de duas décadas, significando com isso que vendemos a língua portuguesa ao Brasil, querem agora levar os pastéis de nata para o estrangeiro.
Pois levem. Afinal já somos de facto obrigados a vestir os fatos que não são nossos, inscrevendo o nosso nome de país de navegadores, na aba de um pão de açúcar qualquer.
De modo que a história, essa que transpira, que nos envolve e sacode, desde a península ibérica, atravessando o mar, contra as profecias de Bandarra, não passa hoje de mais nada senão de um ministro regressado a querer vender mais um pouco da gente, antes da gente todos sequer se conhecer (dignamente uns aos outros!) …
O tempo das grandes reformas estruturais que afaga o ego da nata dos políticos do “nosso” Portugal reflecte-se nas contratações para a EDP, no ordenado milionário de Eduardo Catroga, no silêncio (absoluto) de Cavaco Silva, no fracasso pré-anunciado de políticas despesistas.
O tempo agoniza na impunidade de Alberto João Jardim, buraco atrás de buraco, a paciência (a nossa) fervilha da falta dela de cada vez que o ouvimos falar de injustiça para com a Madeira.
Lembrou há dias a líder do PSD/Açores, Dra. Berta Cabral: “ (…) há coisas que ele [Alberto João Jardim] diz que não são para ser levadas a sério.”
(E o que ele fez e o que ele faz?)
O ministro regressado Santos Pereira teve a ideia luminosa: um franchising de pastéis de nata. O ladrão de Aveiro ouviu e cumpriu. Por pena ou má sorte o negócio não chegou a ter início.
Não faz mal. “Portugueses, Portuguesas”, diria Cavaco Silva voltando a intervir em directo se os Açores lhe dessem razão para isso (?): O Fado é património da Humanidade.
Que maravilha. Ouvir Fado, ver sorrir as vacas, comer um pastel de nata, sentado quiçá em Madrid, enquanto Alberto João Jardim no meio do Atlântico diz coisas que (às vezes) não são para ser levadas a sério.
Vamos fazer um franchising de Portugal?

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