domingo, janeiro 22, 2012

O contributo de cada um...



Vivemos, provavelmente, na europa, a maior crise económica e financeira das nossas vidas. Desde 1929 que não assistíamos a uma crise tão grave, em que o desemprego teima em subir, a banca está paralisada e em risco de intervenção estatal, o rendimento das famílias desce sem fim à vista e o sector produtivo e dos serviços atravessa grandes dificuldades de sobrevivência.

Paralelamente, os Estados atravessam uma crise de financiamento sem paralelo e as democracias, fragilizadas, correm o risco de ficar dominadas por um poder tecnocrata que não presta contas a ninguém a não ser ao poder financeiro dominante na União Europeia.

Esta crise económica e financeira - que se pensou inicialmente ser local, mais tarde regional (sul da europa) e agora a nível europeu, correndo, inclusive, o risco de se tornar global -, irá afetar, não tenhamos dúvidas sobre isso, as economias mais sólidas como as economias mais isoladas.

É neste contexto macroeconómico que o Governo dos Açores e a maioria parlamentar do PS que o apoia, após um diálogo aberto com os parceiros sociais e com todas as forças políticas que o quiseram, aprovaram no passado mês de Novembro o Plano Regional de Investimentos e o Orçamento da RAA para o ano de 2012.

Este Plano de Investimentos consubstancia uma forte aposta na promoção da competitividade das nossas empresas, devidamente ponderada face ao contexto de dificuldades estruturais e conjunturais que atravessamos, nomeadamente: a dificuldade de acesso ao crédito, a baixa notoriedade dos produtos açorianos, a dimensão arquipelágica que não permite a geração de economias de escala, as dificuldades nas acessibilidades e o difícil acesso a redes de distribuição, comercialização e promoção.

É este o papel que entendo incumbir aos poderes públicos:

– Disponibilizando um conjunto de instrumentos estratégicos, devidamente reformulados e adequados à oportunidade, como o Sistema de Incentivos para o Desenvolvimento Regional dos Açores e o Sistema de Incentivos- Empreende Jovem (reformulado pelo PS), que permitem e estimulam o aparecimento de novos negócios em áreas da produção de bens transacionáveis de alto valor acrescentado, que possibilitam a modernização e qualificação de empresas e de negócios viáveis já estabelecidos, ao mesmo tempo que, também funcionam como promotores da coesão regional.

– Disponibilizando incentivos aos operadores económicos para colocação e promoção dos seus produtos em mercados de destino, em estreita colaboração com a Agencia para a Promoção de Investimento dos Açores.

- Disponibilizando um conjunto de instrumentos financeiros que melhorem a relação das nossas empresas com o mercado bancário e que moderem a situação de escassez de crédito, introduzindo liquidez na economia, restruturando passivos e permitindo o investimento.

- Ou disponibilizando instrumentos financeiros modernos nos Açores, como um fundo de capital de risco, no âmbito da APIA, para o apoio no seu “Start Up” a pequenas e médias empresas ou no suporte inicial de projetos de investimento com forte cariz inovação.

Mas todos estes exemplos de instrumentos existentes no Plano e Orçamento para 2012, per si, nada fazem. Sem um bom projecto de investimento, os apoios dos sistemas de incentivos rapidamente se esgotam. Sem produtos de qualidade que verdadeiramente se diferenciem face aos concorrentes, de pouco serve a sua promoção externa. Sem instituições bancárias dispostas a conceder crédito pelo mérito e pelo retorno previsível do investimento, de nada serve subsidiar linhas de crédito de apoio às empresas.

Para ganharmos confiança e para melhorarmos a nossa economia todos têm de fazer a parte que lhes cabe e não ficar à espera que a crise passe ou que o Estado os salve.

www.franciscocesar.net

Postscript

Quem, como a líder do PSD, nem consegue desembaraçar-se num mini-concurso para mini-bus, que legitimidade é que tem para criticar mega-concursos como o das Scut ou concursos internacionais especializados destinados ao transporte marítimo?!

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