"E um dia os homens descobrirão que esses discos voadores estavam apenas estudando as vidas dos insectos..." Mário Quintana
terça-feira, fevereiro 16, 2010
Postiços
Este é o tempo dos postiços.
Dos bigodes que se colam instantaneamente, dos óculos coloridos e brilhantes.
Será também o tempo dos palhaços se assumirem plenamente e das rainhas darem largas à imaginação nos seus reinados. É Carnaval.
A partir de amanhã, os mais corajosos desfazem os laços, arrumam as cabeleiras, as suíças, os bigodes e as pestanas postiças em naftalina, e saem porta fora…
Haverá sempre os outros, para quem a mudança de época é exactamente igual à troca de elásticos, que penduram nas orelhas, como brincos.
O bom do Carnaval é que quando se vai embora leva consigo os palhaços demasiado enfeitados que nestes dias, de sapatos largos e laços de cores, enchem as nossas ruas, mais do que o que é habitual.
Ora, este como todos os outros tempos, vem e volta, sempre da mesma maneira. É também um tempo de fitas, que, por infelicidade de uns e graça de outros, vão caindo nas cabeças dos que o festejam.
Há por estes dias nas nossas ruas e praças, ratos de todas as espécies, coelhos, tartarugas, bonecas de trapos, polícias e Zorros. Brancas de Neve, bebés em tamanho grande, bolas de futebol falantes.
O Carnaval é um tempo de dar também largas à imaginação. O dia de hoje é marcado em Ponta Delgada, pela antiquíssima e tradicional batalha das limas, que traz à marginal um ritual antigo. Ninguém deve andar a pé, a ver, por ali, se não estiver à partida, disposto a tomar um banho público.
Depois de passar esse tempo, amanhã, depois, caminhando-se lentamente até Março, será tempo de apreciar os saudosistas. As rádios deixarão de tocar a Chiquita Banana, os clubes deixarão os bailes e tudo parecerá ficar igual ao que já fora antes.
Só quem não sabe, como os “ ninguém” de Zeca Afonso, onde “ vão pombas que não voltam” (Pombas Brancas) poderá esperar que os palhaços desçam do palco.
E na plateia, à média luz, entre os demais, haverá sempre um menino a festejar um ritual. Pistola em punho, um riso calmo…
São de água os tiros e ninguém morre…É Carnaval.
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Serenamente - AO 16.01.09
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