O Fífia vai gravar um CD de memórias. Pensou inspirar-se em Carlos Eduardo, Simão Botelho ou Alberto Soares, mas depois chegou à conclusão, que nenhum dos criadores destes personagens, lhe poderiam dar tanto prestígio, como a autora de “Memórias de um Burro”.
Qual Camilo, qual Eça, qual Vergílio? Fífia que é Fífia é conde e mais nada. Para sê-lo, assim, sem precisar de grande esforço, nada como ter por inspiração a Condessa de Ségur e intitular o CD de memórias (escritas e lidas pelo próprio): "As boas memórias de uma besta".
Substituir burro por besta para não cair em dois erros capitais: um plagiar o texto; dois cair no risco inglório de alguém vir a pensar que o CD é sobre um quadrúpede. Não!
“Uma besta", discorre, refastelado ao colo das tias, “ é arma e diabo. Homem que é homem não come o mel trinca a abelha.”
Está preparada a festa. Fífia: conde, arma e diabo. Três em um. Já sonha com o dia do lançamento. Do alto do muro do seu quintal, abrirá os braços, como o Di Caprio no Titanic, e "zumba" lançará o CD, qual disco voador, para os braços do público, que há-de gritar: Viva o conde. Viva. Viva.
E, então ele, qual comandante da "Barca do Inferno" dirá em verso quadras sobre o CD.
O Fífia é um cidadão entre aspas. Vive entre aspas. Sonha entre aspas e nem aos Domingos descansa um pouco fora das aspas, que o emolduram.
No Carnaval, já decidiu vai disfarçar-se de Inês Pereira. Para ele o provérbio: “Mais quero asno que me leve, que cavalo que me derrube” é lei.
Além Carnaval, o Fífia permanecerá como uma linha em branco, ocupando-se de um diálogo sem retorno, perguntando, a cada fim de tentativa de conversa: “Quem tem farelos?” e recebendo de lá, os aplausos das tias e os abraços da mãe e mais nada…
Sem peso para aforismo ou tamanho para verbete, o Fífia não é mais nada, senão uma pontinha do remo que faz navegar o inferno, que vive entre aspas, na sua rotina diária, desde que se lembrou de trincar uma abelha.
O resultado está à vista: à volta de si nada, além dos panos de água quente e das pomadas das tias. O Fífia não sabia que o dito, que serve de título a esta croniqueta não serve para todos. É que a uns, mais lhes vale que se fiquem pelo mel...
7 comentários:
Não ligue Mariana
nem aos fascínoras nem ao sub-solo da faxina
que a comichosa inveja sempre foi a nossa triste sina !
Edgardo
Esse Fífia está a dar o que fazer.
O problema e a minha grande dúvida (até mesmo angústia) é não saber quem é o Fífia?
Eu que até sei o que é uma "besta", e até sei quem é o Di Caprio, e até sei que foi o Gil Vicente que escreveu a "Barca do Inferno", NÃO SEI O QUE É ESSA COISA QUE DÁ PELO NOME DE Fífia!!!!!
Porque no meu planeta "fífia" significa "gafe", mas isso é lá no meu planeta!!!
Será que ela está a falar de si mesma?
O Fífia não é ninguém em particular. Se fosse tinha nome de gente. :)
Obrigada Mariana pela sua explicação. Mas, isso eu já tinha percebido.
O fífia é o gajo da porta ao lado, como a Meg Ryan é "The girl next door".
Tenha paciência, que lá no meu planeta as coisas são sempre um pouco confunsas. É dos pós que andam no ar.
"The girl next door" é sempre uma miúda simpática, prestável e que dá sempre jeito ter à mão.
É isso.
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