Os lugares de pessoas dos lugares
Na passada 2ª feira, foram os açorianos surpreendidos com a indicação de outra candidata que não o já anunciado pela líder do PSD/Açores, para as listas sociais-democratas ao Parlamento Europeu. Os episódios que a este episódio sucederam mancham a política açoriana, quer pela transparência que se lhe impõe, quer também pela verdade, que se pede.
Se, numa primeira abordagem, poderíamos ter pensado que se tratava do cumprimento de uma lei, a da paridade, noutra, logo a seguir, ficámos a saber que não, que não tinha sido essa a razão de tal escolha que implicou com a vida de três (quatro?) pessoas. Falo de Duarte Freitas, ex-candidato do PSD/Açores ao Parlamento Europeu; de Jaime Jorge, actualmente deputado na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores e de Maria do Céu Patrão Neves, Professora Catedrática na Universidade dos Açores. Esta última foi escolhida, não por ser mulher, mas porque sim…Ainda ninguém explicou o porquê de tal escolha, mas ainda houve tempo de se garantir, pela voz da quarta implicada, que era um lugar muito à frente do lugar da Região Autónoma da Madeira. Era-o de facto, mas só até 3ª feira de manhã, porque, depois disso e lá, pelo almoço já todos sabíamos que, afinal, aos madeirenses era dado o 5º e era homem o escolhido. No Parlamento Regional, 4ª feira, os deputados regionais quiseram dar a volta à história. Compreendo o desespero, mas não aceito nem uma das comparações. Aprecio as declarações entusiasmadas de Cláudio Lopes sobre o companheiro patrício; percebo Pedro Gomes e as suas afirmações sobre Manuela Ferreira Leite, no Twitter e na coluna que assina neste jornal; até entendo perfeitamente a necessidade de António Marinho vir a debate explicar-se. Afinal, tratou-se de mais um desrespeito do PSD nacional para com os Açores e os sociais-democratas açorianos; primeiro, com o Estatuto, agora com a indicação do candidato do PSD/Açores ao Parlamento Europeu. É mais uma derrota de quem lidera o PSD na região. Afinal, não basta ir a Lisboa e ser agraciada com o galardão de figura do futuro. É preciso mais. É preciso dimensão política. A líder do PSD/Açores não a tem: “ (…) Os lugares são mais importantes do que os nomes, mesmo que esses nomes sejam tão importantes como é o do Duarte Freitas (…)”. (Líder do PSD/A, Telejornal RTP/Açores, 21/04/2009)
Há lugares de pessoas e pessoas dos lugares.
O que não pode haver é lugar para políticas como estas.
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