Recebi por email, o texto que abaixo transcrevo. Não tenho nada contra os comentadores, acho mesmo que "fazem parte", mas também não deixo de achar piada ao texto, que é da autoria de José Niza, e foi, diz-me a Bárbara, publicado no jornal "O Ribatejo". Deixo-o por aqui com os votos de bom fim de semana e "larguras", como se diz na terra do meu pai....
"Uma boa parte dos Portugueses lá vai trabalhando. Outra, são os reformados, desempregados, crianças e estudantes. E os que sobram são Comentadores.
Comentadores de tudo e de coisa nenhuma.
Comentadores que fazem comentários sobre o que os outros comentadores disseram ao comentar os factos comentáveis.
Os comentadores são uma praga daninha, uma horda predadora e selvática, um tsunami que leva tudo à sua frente. Mandam bocas, dão palpites, fazem previsões infalíveis, caluniam, insultam, berram, gritam. Se algum deles algum dia disser que alguma coisa boa aconteceu em Portugal, é imediatamente despedido.
Na sua maioria são de uma ignorância enciclopédica. Preguiçosos e vaidosos. Uns dóceis, outros furibundos. E, os restantes, nem uma coisa nem outra.
Há comentadores de tudo e para tudo. Como no AKI. Há os da televisão. Os da rádio. Os dos jornais. Os dos cafés. Os das filas de autocarros. Os dos restaurantes caros. Os das tabernas. Há os que falam sozinhos no meio da rua. E os dos barbeiros que viraram cabeleireiros de homens. Há os das finanças. Os de futebol. Os das bolsas. Os da política, Ah! os da política! Os dos livros. Os dos assuntos militares. Os dos crimes. Os dos assuntos religiosos. Os das doenças tropicais. Os do tráfico de drogas. Os da moda. Os das vidas dos outros. Os dos casamentos. E os dos divórcios.
Mas há também os das arbitragens. Os dos fora-de-jogo. Os dos penalties. Os dos apitos dourados. E os do Benfica. Os do Porto. Os do Sporting. E os de nem-uma-coisa-nem-outra.
Multiplicam-se como os cogumelos, aos milhares, aos cardumes, aos enxames, às manadas (salvo seja!). E estão em tudo o que é sítio.
Quase todos "falam, falam... mas não dizem nada". Falam do que não sabem. E não sabem do que falam. Dão erros de ortografia, engasgam-se ao microfone, dizem que há obras de "beneficiência". Alguns deles até escrevem livros que se vendem às carradas por causa das capas com umas gajas sexy e que por dentro só têm palavras, palavras, palavras, tudo em segunda mão.
Há os "apocalípticos", tipo Medina Carreira, que já anunciou 87 vezes a derrocada de Portugal e que todos os dias, quando acorda, acha que é mentira.
Mas também há os "cavaquistas", como Marcelo Rebelo de Sousa. E os "anti-cavaquistas", como Marcelo Rebelo de Sousa.
Há os "zangados com a vida", tipo Pulido Valente. E os "carecas" como Medeiros Ferreira.
Há ainda os "vingativos", contra o Governo, como José Manuel Fernandes, o do Público, sempre fiel ao patrão Belmiro.
E há "os homens não se medem aos palmos" tipo António Vitorino. E os 007, tipo Moita Flores. E os 1/2 loucos, como Vicente Jorge Silva.
Seguem-se os "despenteados", como António Barreto e os "trapalhões", género Luís Delgado.
Há ainda os "não deixo falar ninguém", como o inefável Mário Crespo. E os "falinhas mansas" como Lobo Xavier. E os "eu sou o maior", como Ricardo Costa.
E, para atestar, os "agarrem-me senão eu mato-o", estilo Pacheco Pereira.
Se não houvesse comentadores encartados o mundo seria mais ecológico, o buraco do ozono mais pequeno e haveria uma considerável redução de enfartes de miocárdio. Mas, em contrapartida, o desemprego subiria em flecha.
Nunca há bela sem senão. Digo eu.
PS.
– E o leitor: "Mas então, e você! Não é comentador?" Claro que sou. E com muita honra. Mas eu, ao menos, tenho leitores;- as minhas crónicas são lidas pelos meus familiares, por mim próprio e, até, pelo Joaquim Duarte, director deste jornal, não vá eu pisar o risco..."
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