Do desemprego à Banca
Por diversas vezes tenho salientado que a crise internacional que nos atinge é diferente de todas as outras anteriores. É que, para aqueles que mantêm o seu emprego, a descida da taxa de juro, a descida do preço do petróleo, a descida dos preços das casas, a descida dos preços das passagens aéreas ou a descida dos preços dos bens alimentares, permitirá uma melhoria do rendimento disponível das famílias. Mas, por outro lado, esta crise é pior do que as outras, porque as empresas, sobretudo dos sectores primário e secundário, para conseguirem vender os seus produtos, têm que baixar os seus preços, encurtando, assim, as margens de lucro. Temos então, o clima perfeito para que a diminuição dos custos de produção seja feito infeliz e tendencialmente à custa da diminuição da força de trabalho.
O desemprego é o flagelo desta crise e é ao combate deste que temos de dedicar todas as nossas forças. Felizmente esta crise chegou mais tarde aos Açores, contrariada com boas políticas de emprego que permitiram amenizar o efeito de tão severa recessão. Na Região, o emprego tem tido melhor comportamento do que a nível nacional, europeu e internacional, conforme revelam os indicadores disponíveis. A taxa de desemprego, segundo o INE, continua a ser a mais baixa do país no 4º trimestre de 2008, cerca de 5,6%; o número de inscritos no centro de emprego da região é relativamente baixo, 4885, quando comparados com regiões idênticas como a Madeira que tem 9932; para além disso, a percentagem de desempregados de longa duração diminuiu, na última década, de 52% para 20,3%, passando a estar bem abaixo da média nacional de 34%.
Fruto das boas políticas de preparação dos jovens para o mundo do trabalho, como os programas Estagiar, a formação profissional e programas de estágios Europeus como o Eurodisseia, o número de jovens à procura do seu primeiro emprego é de 339, seis vezes menos do que há uma década.
Mas estas boas notícias, só são boas notícias como indicadores comparativos. Ainda há muito a fazer para conseguir que crise internacional, que chegou aos Açores mais tarde, saia mais cedo. Os programas de estágios devem ser já prolongados na sua duração fora das “ilhas da coesão”. Temos que melhorar a qualificação dos desempregados, através de Planos Pessoais de Emprego, que permitam, identificando as carências de empregabilidade, requalificar e orientar as suas aptidões para o mercado de trabalho. O compromisso assumido pelo Governo de em 100 dias dar resposta a um desempregado também deve ser rapidamente executado. As medidas anti-crise têm, neste âmbito, um papel primordial, mas tanto o Programa de Valorização Profissional, as alterações ao PROSA e o Programa de Manutenção de Postos de trabalho levarão ainda algum tempo a verem os seus efeitos sentidos.
Todas estas políticas, de pouco servem, se não tomarmos a consciência que é pelo estímulo da actividade económica que se cria verdadeiramente emprego. O Governo dos Açores tem dado o seu contributo, falta agora os restantes intervenientes, de onde destaco, com grande veemência, a Banca, perceberem qual o seu papel no relançamento da nossa economia.
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