…nem mesmo o Garfield com a camisa do FCP, que a minha avó me ofereceu num Natal passado me tirou da ideia o glorioso. Quando fui estudar para Lisboa, vivi em Benfica (tirando 3 meses de experiência na Amadora); da minha varanda, um sétimo andar de 3 assoalhadas via-se as luzes do estádio. Nunca fui aficionada; do género de mudar de humor, porque o Benfica perde; ou porque não marca o golo que devia ter marcado. A minha relação com o Benfica é de família. O meu avô era benfiquista. Na sua casa, aonde volto de ano a ano e, sempre que posso, há quatro fotografias na parede: uma da montanha do Pico, outra dele, outra da minha avó e uma amarelada, que mostra a quem quiser ver, os “Magriços” de 1966, onde está o Benfica e mais quatro jogadores (sete do Benfica, mais um do Belenenses, três do Sporting). Por isso, nomes como Coluna, Jaime Graça, José Augusto, Eusébio, Torres e Simões foram pessoas presentes, com quem fomos crescendo, verão após verão; sempre, mais ou menos iguais, nas mesmas posições, pendurados na parede lá de casa, perto da montanha do pico, à qual não é que prestássemos (ou prestemos) qualquer tipo de veneração, mas com a qual nos fomos habituando a conviver. Como ela, assim estava o Benfica. Presente. Fui ao estádio da Luz umas quantas vezes. Fã do Isaías. Era meu vizinho em Benfica o Sr. Santana e na “Roda”, que era uma cervejaria (que ainda deve existir) no canto em baixo da Avenida do Uruguai, encontrava muitas vezes jogadores do glorioso. Aqui em casa todos, com excepção da minha mãe, são do Benfica. A minha mãe é da Académica. Temos toda a espécie de cachecóis e barretes; assistimos aos jogos. Eles mais aos saltos do que eu. Mas, assistimos.
Raramente me atrevo a discutir futebol, mas quando o Benfica ganha, sou campeã também…
Tenho com o Benfica essa relação de afecto que me é difícil descrever. O meu escritor favorito vivia em Benfica e escreve sobre Benfica e o Benfica e as palmeiras de Benfica. Não gosto do que ele escreve porque ele é de e do Benfica. Fica para outra crónica explicar porque que é que eu leio António lobo Antunes. Importa dizer que nunca li a biografia do Mourinho e embirro substancialmente com o Vítor Baía. Nunca morri de amores por nenhum jogador do Benfica; não tive posters deles no meu quarto; não coleccionei caricas, mas tenho com os meus irmãos, cada um, a sua cadernetas de cromos. Gosto de vermelho.
Sou do Benfica sempre fui…E grito golo quando a bola entra na baliza.
5 comentários:
Muito engraçado este texto, Mariana.
Claro que também sou do Glorioso (seis milhões?...), desde menino e moço que torço pelas "papoilas saltitantes" na voz inesquecível de Piçarra.
Podemos ter perdido o brilho de outras épocas, mas mantemos a "mística". Inigualável.
"sempre, mais ou menos iguais, nas mesmas posições, pendurados na parede lá de casa"... Eu cá julgava que, numa fotografia, não era possível mudar-se de possível mas talvez fosse um efeito à Harry Potter! Eh eh eh!
O mundo não é perfeito.
Viva o Porto! (com toda a força dos pulmões de uma fumadora inveterada)
C.
Tudo depende da perspectiva.
Eu queria dizer "não era possível mudar-se de posição", mas talvez tenhas razão, isto nos dias de hoje tudo começa a depender da perspectiva!
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