quarta-feira, setembro 17, 2008

DOIS EM UM... ÀS VEZES DÁ NENHUM



Já não me recordo dos termos em absoluto, mas ainda tenho presente na memória uma intervenção do Presidente Carlos César, proferida há já alguns meses, na qual reafirmava que o Partido Socialista não seria uma coutada do Governo Regional, nem o Governo alguma vez poderia ser uma coutada do PS.
Deduzo das palavras de Carlos César que, para além de um exercício de poder autónomo e responsável, a necessária separação das águas entre partidos e governos visa, sobretudo, reforçar a dignidade que se exige dos políticos, reanimar a consideração que nos devem merecer as instituições e ter em permanência e em devida conta o respeito, muitas vezes em falta, para com os eleitores.
Se por estes e por outros princípios se pretende contribuir para evitar a promiscuidade na política e reforçar a credibilidade tão essencial nos seus agentes, seria de esperar que a mesma separação de interesses se aplicasse à relação entre outros níveis da actividade política – a exemplo do que se verifica no jogo de conveniências entre o PSD e algumas autarquias da mesma cor – quanto à composição das listas de aspirantes a deputados à Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores.
Qualquer eleitor minimamente informado sabe que a candidatura de Berta Cabral à ALRAA é uma farsa, uma fraude partidária assumida publicamente pela própria e garantida pela sua pretensão de se recandidatar à Câmara de P. Delgada em 2009. Neste caso em concreto, o desplante já não disfarça a fragilidade do partido nem a fraqueza da liderança, daí que dificilmente se entenda esse lançar mão à influência da autarca para, em consciência, ludibriar o eleitor e, em consequência, descredibilizar a política.
Porém, noutras autarquias dos social-democratas, casos há em que a situação é exactamente a mesma, só que desta vez se engana o eleitor por proveitos diferentes e mais personalizados. Ou seja, são os autarcas em agonia a usar o partido e a abusar da sua condição pública para figurarem em lugares elegíveis nas listas à ALRAA, garantindo por essa via o tacho e o futuro em caso de derrota nas eleições de 2009.
Nas duas circunstâncias referidas os benefícios são pessoais ou do restrito grupo dirigente. Nada é feito nem pensado sequer, tendo em mente um gesto ou uma atitude que vise a primazia da Região ou um contributo para melhoria de condições de quem aqui vive. O que os move na sua ubiquidade é o medo da úbere perdida e, por isso, nada melhor do que ter um pé na autarquia e o outro na Assembleia, se bem que o povo possa ver neles gente de perna curta para tão longa “esparragata”.
Dito isto, ao sentido das palavras de Carlos César, que inicialmente refiro, é justo atribuir-lhes o merecido peso e crédito na diferenciação que faz entre a militância partidária e a militância social, porquanto o Partido Socialista testemunha, na prática, a sua consideração pelos eleitores, o seu respeito pelas instituições e o seu carácter no exercício da actividade política, já que não incluiu nenhum autarca, em nenhuma das Ilhas, nas suas listas de candidatos à ALRAA.
Não vale a pena o PSD falar em mudança quando ele próprio é incapaz de mudar, porque os Açorianos sabem que só mudando primeiro se pode mudar depois os Açores para melhor.
Foi isto que o PS fez e é isto que o PS faz.
Curiosamente e após tantos anos de experiência, é isto que o PSD continua sem saber fazer.






Sem comentários: