segunda-feira, dezembro 08, 2008

O escritor sem vergonha dos afectos


«Ensaísta e ficcionista, António Alçada Baptista, hoje falecido em Lisboa, aos 81 anos, admitiu ter na sua escrita uma sensibilidade feminina e ser dos poucos escritores que não tinha vergonha dos afectos.

"A minha obra escrita vende-se muito por uma razão simples, porque eu sou talvez o primeiro escritor que não teve vergonha dos afectos", disse um dia o escritor sobre a sua obra - ao todo 14 títulos - que percorreu o ensaio, crónica, novela e o romance.

Nascido na Covilhã em 1927, frequentou o colégio de jesuítas, onde foi profundamente influenciado pelo Cristianismo e por pensadores como Emmanuel Mounier e Teillard de Chardin, vindo a formar-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, e exerceu advocacia entre 1950 e 1957.

"A Pesca à Linha - Algumas Memórias", obra assumidamente de memórias e recordações, revelou o profundo sentido afectivo que caracteriza a escrita de Alçada Baptista, enquanto em "Um Olhar à Nossa Volta" deixou o testemunho de uma vivência colectiva registada na década de 70 e 80 marcada por inquietações político-sociais.

Mas foi com "Peregrinação Interior - Reflexões sobre Deus" (1971) e "Peregrinação Interior II - O Anjo da Esperança" (1982) que obteve a unanimidade da crítica e do público.

Da sua obra constam ainda "Documentos Políticos" (crónicas e ensaios, 1970), "O Tempo das Palavras" (1973), "Conversas com Marcello Caetano" (1973), "Os Nós e os Laços" (romance, 1985), "Catarina ou o Sabor da Maçã" (novela, 1988), "Tia Suzana, meu Amor" (romance, 1989) e "O Riso de Deus" (romance, 1994).

Em 1961 e 1969 foi candidato pela Oposição Democrática nas eleições para a Assembleia Nacional e, de 1971 a 1974, foi assessor para a Cultura do então ministro da Educação Nacional, Veiga Simão.

Funcionário da Secretaria de Estado da Cultura desde 1978, presidiu aos trabalhos da criação do Instituto Português do Livro, a que presidiu até 1986.

Recebeu das mãos do Presidente da República Ramalho Eanes a Ordem Militar de Cristo, em 1983, e a Grã-Cruz da Ordem do Infante entregue pelo Presidente Mário Soares, em 1995, de quem foi colaborador.

Escreveu inúmeras crónicas na rádio, na televisão e em diversos jornais e revistas.

Sócio da Academia Brasileira de Letras, da Academia das Ciências de Lisboa, e da Academia Internacional de Cultura Portuguesa, foi também presidente da Comissão de Avaliação do Mérito Cultural e administrador da Fundação Oriente.»


in "Lusa" (7.Dez.08, 19.46)

1 comentário:

Sam disse...

Caro Ardemares,

O Keyzer Soze’s Place convida os moderadores deste blogue a participarem na votação dos Óscares de Marketing Cinematográfico, iniciativa que nomeará o melhor em publicidade de Cinema no ano de 2008.

A votação pode ser efectuada em http://sozekeyser.blogspot.com/2008/12/scares-de-marketing-cinematogrfico.html.

Desde já, apresento o meu profundo agradecimento pela vossa disponibilidade em participar nesta iniciativa.

Cumprimentos cinéfilos!